sábado, 27 de novembro de 2010

Passarim



Passarim
Tom Jobim

Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro partiu mas não pegou
Passarinho, me conta, então me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Me diz o que eu faço da paixão?
Que me devora o coração
Que me devora o coração
Que me maltrata o coração
Que me maltrata o coração

E o mato que é bom, o fogo queimou
Cadê o fogo? A água apagou
E cadê a água? O boi bebeu
Cadê o amor? O gato comeu
E a cinza se espalhou
E a chuva carregou
Cadê meu amor que o vento levou?
(Passarim quis pousar, não deu, voou)

Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro feriu mas não matou
Passarinho, me conta, então me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Cadê meu amor, minha canção?
Que me alegrava o coração
Que me alegrava o coração
Que iluminava o coração
Que iluminava a escuridão

Cadê meu caminho? A água levou
Cadê meu rastro? A chuva apagou
E a minha casa? O rio carregou
E o meu amor me abandonou
Voou, voou, voou
Voou, voou, voou
E passou o tempo e o vento levou

Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro feriu mas não matou
Passarinho, me conta então, me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Cadê meu amor, minha canção?
Que me alegrava o coração
Que me alegrava o coração
Que iluminava o coração
Que iluminava a escuridão

E a luz da manhã? O dia queimou
Cadê o dia? Envelheceu
E a tarde caiu e o sol morreu
E de repente escureceu
E a lua, então, brilhou
Depois sumiu no breu
E ficou tão frio que amanheceu
(Passarim quis pousar, não deu, voou)
Passarim quis pousar não deu
Voou, voou, voou, voou, voou

Vídeo Tom Jobim

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

The End


The End
Lennon / McCartney

Oh yeah
Alright
Are you gonna be in my dreams
Tonight

Love you. Love you. Love you. Love you.
Love you. Love you. Love you. Love you.
Love you. Love you. Love you. Love you.
Love you. Love you. Love you. Love you.
Love you. Love you. Love you. Love you.
Love you. Love you. Love you. Love you.

And in the end,
The love you take
Is equal to
The love you make.

Áudio The Beatles

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Mundo Novo, Vida Nova

Na sequência, mais quatro composições de ruptura e despedida, complementando os posts de algumas semanas atrás.



Mundo Novo, Vida Nova
Gonzaguinha

Buscar um mundo novo, vida nova
E ver, se dessa vez, faço um final feliz
Deixar de lado
Aquelas velhas estórias
O verso usado
O canto antigo
Vou dizer adeus
Fazer de tudo e todos bela lembrança
Deixar de ser só esperança
E por minhas mãos, lutando me superar
Vou traçar no tempo meu próprio caminho
E assim abrir meu peito ao vento
Me libertar
De ser somente aquilo que se espera
Em forma, jeito, luz e cor
E vou
Vou pegar um mundo novo, vida nova
Vou pegar um mundo novo, vida nova.

Vídeo Elis Regina no show Saudade do Brasil

Aviso de Partida



Aviso de Partida
Ive Luna (do grupo Cravo-da-Terra: site, myspace)

Vou partir já,
vim te avisar.
Visão tive de ter de ir.
Visão tive 
de ter de ir já.
Vim te avisar: vou partir.

E quem segura o mar
nas ondas se arrebenta.
Melhor respiro a química lunar
do ar que me sustenta,
do que invento ar pra respirar
no colo que me alenta.
 
Áudio Cravo-da-Terra


Flor-de-Ir-Embora



Flor-de-Ir-Embora
Fatima Guedes

Flor de ir embora
É uma flor que se alimenta do que a gente chora
Rompe a terra decidida
Flor do meu desejo de correr o mundo afora
Flor de sentimento
Amadurecendo aos poucos a minha partida
Quando a flor abrir inteira
Muda a minha vida
Esperei o tempo certo
E lá vou eu
E lá vou eu
Flor de ir embora, eu vou
Agora esse mundo é meu

Áudio Fatima Guedes

Saindo de Mim



Saindo de Mim
Ivan Lins / Vitor Martins

Você foi saindo de mim
Com palavras tão leves
De uma forma tão branda
De quem partiu alegre

Você foi saindo de mim
Com sorriso impune
Como se toda faca
Não tivesse dois gumes

Você foi saindo de mim
Devagar e pra sempre
De uma forma sincera
Definitivamente

Você foi saindo de mim
Por todos os meus poros
E ainda está saindo

Nas vezes em que choro
Nas vezes em que choro

Você foi saindo de mim.

Áudio Simone

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Velha Roupa Colorida



Velha Roupa Colorida
Belchior

Você não sente, não vê
Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
Que uma nova mudança em breve vai acontecer
O que há algum tempo era novo, jovem
Hoje é antigo
E precisamos todos rejuvenescer

Nunca mais teu pai falou: "She's leaving home
E meteu o pé na estrada like a Rolling Stone"
Nunca mais você convidou sua menina
Para correr no seu carro, loucura, chiclete e som
Nunca mais você saiu à rua em grupo reunido
O dedo em V, cabelo ao vento
Amor e flor, que é do cartaz?
No presente a mente, o corpo é diferente
E o passado é uma roupa que não nos serve mais

Você não sente, não vê...

Como Poe, poeta louco americano,
Eu pergunto ao passarinho: "Blackbird, o que se faz?"
E raven never raven never raven
Blackbird me responde:
"Tudo já ficou pra trás"
E raven never raven never raven
Assum-preto me responde:
"O passado nunca mais"

Áudio Elis Regina

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O Ciúme


O Ciúme
Caetano Veloso

Dorme o sol à flor do Chico, meio-dia
Tudo esbarra embriagado de seu lume
Dorme ponte, Pernambuco, Rio, Bahia
Só vigia um ponto negro: o meu ciúme

O ciúme lançou sua flecha preta
E acertou no meio exato da garganta
Quem nem alegre nem triste nem poeta
Entre Petrolina e Juazeiro canta
Velho Chico vens de Minas

De onde o oculto do mistério se escondeu
Sei que o levas todo em ti, não me ensinas
E eu sou só, eu só, eu só, eu
Juazeiro, nem te lembras dessa tarde
Petrolina, nem chegaste a perceber
Mas, na voz que canta tudo ainda arde

Tudo é perda, tudo quer buscar, cadê
Tanta gente canta, tanta gente cala
Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme

Vídeo Caetano Veloso 

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

San Vicente


Não sei por quê, mas esssa música não saiu da minha cabeça essa semana.

San Vicente
Milton Nascimento / Fernando Brant

Coração americano
Acordei de um sonho estranho
Um gosto, vidro e corte
Um sabor de chocolate
No corpo e na cidade
Um sabor de vida e morte
Coração americano
Um sabor de vidro e corte

A espera na fila imensa
E o corpo negro se esqueceu
Estava em San Vicente
A cidade e suas luzes
Estava em San Vicente
As mulheres e os homens
Coração americano
Um sabor de vidro e corte

Unhnhnhnh...
As horas não se contavam
E o que era negro anoiteceu
Enquanto se esperava
Eu estava em San Vicente
Enquanto acontecia
Eu estava em San Vicente
Coração americano
Um sabor de vidro e corte

Lararararairai...

Vídeo Milton Nascimento

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O Primeiro Jornal



O Primeiro Jornal
Sueli Costa e Abel Silva

Quero cantar pra você
Segunda-feira de manhã
Pelo seu rádio de pilha tão docemente
E te ajudar a encalar esse dia mais facilmente

Quero juntar minha voz matinal
Aos restos dos sons noturnos
E aos cheiros domingueiros que ainda boiam
Na casa e em você

Para que junto com o café e o pão se dê
O milagre de ouvir latir o coração
Ou quem sabe algum projeto, uma lembrança
Uma saudade à toa
Venha nascendo com o dia numa boa

E estar com você na primeira brasa do cigarro
No primeiro jorro da torneira
Nos primeiros aprontos de um guerreiro de manhã

Para que saias com alguma alegria bem normal
Que dure pelo menos até você comprar e ler
O primeiro jornal

Vídeo Elis Regina e músicos no show Saudade do Brasil

sábado, 13 de novembro de 2010

Traduzir-Se



Traduzir-Se
Fagner / Ferreira Gullar

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

Vídeo com Adriana Calcanhotto aqui.

Áudio Fagner 

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Sangrando



Sangrando
Gonzaguinha

Quando eu soltar a minha voz
Por favor entenda
Que palavra por palavra
Eis aqui uma pessoa se entregando

Coração na boca
Peito aberto
Vou sangrando
São as lutas dessa nossa vida
Que eu estou cantando

Quando eu abrir minha garganta
Essa força tanta
Tudo que você ouvir
Esteja certa
Que estarei vivendo

Veja o brilho dos meus olhos
E o tremor nas minhas mãos
E o meu corpo tão suado
Transbordando toda a raça e emoção

E se eu chorar
E o sal molhar o meu sorriso
Não se espante, cante
Que o teu canto é a minha força
Pra cantar

Quando eu soltar a minha voz
Por favor, entenda
É apenas o meu jeito de viver
O que é amar

Vídeo Gonzaguinha 1980 e Programa Ensaio 1990



domingo, 7 de novembro de 2010

Ponta de Areia



Ponta de Areia
Milton Nascimento - Fernando Brant

Ponta de areia ponto final
Da Bahia-Minas estrada natural
Que ligava Minas ao porto ao mar
Caminho de ferro mandaram arrancar
Velho maquinista com seu boné
Lembra do povo alegre que vinha cortejar
Maria fumaça não canta mais
Para moças flores janelas e quintais
Na praça vazia um grito um ai
Casas esquecidas viúvas nos portais

Vídeo: Boca Livre


sábado, 6 de novembro de 2010

Mamãe Coragem


Jards Macalé e Torquato Neto (consegui a foto aqui)

Conversamos sobre uma música homenageando nossos pais. Isso em pleno calçadão da Felipe Schmidt, a caminho da Praça XV.

Mamãe Coragem
Caetano Veloso / Torquato Neto

Mamãe, mamãe, não chore
A vida é assim mesmo
Eu fui embora
Mamãe, mamãe, não chore
Eu nunca mais vou voltar por aí

Mamãe, mamãe, não chore
A vida é assim mesmo
Eu quero mesmo é isto aqui
Mamãe, mamãe, não chore
Pegue uns panos pra lavar
Leia um romance
Veja as contas do mercado
Pague as prestações

Ser mãe
É desdobrar fibra por fibra
Os corações dos filhos
Seja feliz
Seja feliz

Mamãe, mamãe, não chore
Eu quero, eu posso, eu quis, eu fiz
Mamãe, seja feliz
Mamãe, mamãe, não chore
Não chore nunca mais, não adianta
Eu tenho um beijo preso na garganta
Eu tenho um jeito de quem não se espanta
(Braço de ouro vale 10 milhões)
Eu tenho corações fora peito

Mamãe, não chore
Não tem jeito
Pegue uns panos pra lavar
Leia um romance
Leia "Alzira morta virgem"
"O grande industrial"
Eu por aqui vou indo muito bem
De vez em quando brinco Carnaval
E vou vivendo assim: felicidade
Na cidade que eu plantei pra mim
E que não tem mais fim
Não tem mais fim
Não tem mais fim

Gal Costa, Jards Macalé e banda

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Encontros e Despedidas



Se alguns se vão... outros outubros virão, outras manhãs plenas de céu e de luz, como diz a música de Milton Nascimento e Fernando Brant (ver post). Nesta postagem mais uma composição da dupla, cuja letra versa sobre o imbricamento desses momentos de despedida (tema da semana passada) e chegada, afinal : são só dois lados da mesma viagem, o trem que chega é o mesmo trem da partida... Minha gravação favorita dessa música é a versão do próprio Milton (de 1985), que também conta com a participação do flautista Hubert Laws.

Encontros e Despedidas
Milton Nascimento - Fernando Brant

Mande notícias
Do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço
Venha me apertar
Tô chegando...

Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero...

Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega prá ficar
Tem gente que vai
Prá nunca mais...

Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai, quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim chegar e partir...

São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem
Da partida...

A hora do encontro
É também, despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida...

Lá lá Lá Lá Lá...

A hora do encontro
É também, despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida...

Áudio Milton Nascimento