sexta-feira, 25 de março de 2011

As Mil e Uma Aldeias



A empolgação da Regina com essa música também me empolgou hehehe...


As Mil e Uma Aldeias
João Bosco e Francisco Bosco

Pra Madagascar
Vou rumar
No sertão do Ceará
Vou passar
Eu levo um mundo
Sem fundo, repleto
De enredos, estradas
Pra gente explorar
Cafarnaum, Jericó, Jequié
Diga pra Nazaré
Que eu não tardo em chegar
Lá em Bagdá
Vou morar
E se Alá me acostumar
Vou ficar
Eu ouço os ventos alíseos
Que sopram
As vozes dos mouros
A me sussurrar
E trago a cobra
Do cesto pra perto
Pra ver se ela sobe
Me ouvindo sambar

Eu sou navegador
Sou de meu tempo capitão
Não preciso mais do mar
Tenho meu motor
Ligado aonde quer que eu vá
Vou sem sair
Do meu lugar
Estar aqui, viver aqui
Que mais isso dirá?
Sou de um país
Chamado qualquer lugar

Ofertai obi
Diamba vai me seduzir
Alcácer Quibir
Ifé obá
Sonhei assim
Ventres, dunas de areia
Carnaval na poeira
Sob as constelações
Simbá vem dizer
Que a terra é o mar
Ô que sopre pra mim
Qualquer direção
Que eu topo embarcar
Fui...

Declamado:
Numa vida anterior fui um xeique opulento
E nobre, tinha damas e safiras a contento
Lá, Xerazade me abrandava a noite escura
Com mil e uma doses de ternura
Vinde a mim, ó poderoso vento
Que sopra a vida de um outro momento
Já posso ver nessa ardente loucura
As areias na terra, as estrelas na altura

Sou navegador...

Áudio João Bosco

2 comentários:

Regina Carvalho disse...

Mas ela é mesmo boa demais,ora! bj

alberto gonçalves disse...

E o intertexto com Bilac também, grande achado teu!

Avatara
por Olavo Bilac

Numa vida anterior, fui um cheik macilento
E pobre... Eu galopava, o albornoz solto ao vento,
Na soalheira candente; e, herói de vida obscura,
Possuía tudo: o espaço, um cavalo, e a bravura.

Entre o deserto hostil e o ingrato firmamento,
Sem abrigo, sem paz no coração violento,
Eu namorava, em minha altiva desventura,
As areias na terra e as estrelas na altura.

Às vezes, triste e só, cheio do meu desgosto,
Eu castigava a mão contra o meu próprio rosto,
E contra a minha sombra erguia a lança em riste...

Mas o simum do orgulho enfunava o meu peito:
E eu galopava, livre, e voava, satisfeito
Da força de ser só, da glória de ser triste!