domingo, 27 de fevereiro de 2011

Mas Que Nada

 
Mas Que Nada
Jorge Ben

O ariá raió
Obá obá obá

Mas que nada
Sai da minha frente
Eu quero passar
Pois o samba está animado
 que eu quero é sambar
Esse samba
Que é misto de maracatu
É samba de preto velho
Samba de preto tú

Mas que nada
Um samba como esse tão legal
Você não vai querer
Que eu chegue no final

O ariá raió
Obá obá obá

Áudio Jorge Ben

sábado, 26 de fevereiro de 2011

O Que Será: Abertura, À Flor da Pele, À Flor da Terra



Crème de la crème da MPB!

O Que Será (Abertura)
Chico Buarque

O que será que lhe dá
O que será meu nego, será que lhe dá
Que não lhe dá sossego, será que lhe dá
Será que o meu chamego quer me judiar
Será que isso são horas dele vadiar
Será que passa fora o resto do dia
Será que foi-se embora em má companhia
Será que essa criança quer me agoniar
Será que não se cansa de desafiar
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os unguentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem juízo

Áudio Simone (o início são os seis últimos versos de 'À flor da Pele')




O Que Será (À Flor da Pele)
Chico Buarque

O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os unguentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores me vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus nervos estão a rogar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo

Vídeo Milton Nascimento e Chico Buarque



O Que Será (À Flor da Terra)
Chico Buarque

O que será que será
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças, anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
Que gritam nos mercados, que com certeza
Está na natureza, será que será
O que não tem certeza, nem nunca terá
O que não tem conserto, nem nunca terá
O que não tem tamanho

O que será que será
Que vive nas ideias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Que está no dia a dia das meretrizes
No plano dos bandidos, dos desvalidos
Em todos os sentidos, será que será
O que não tem decência, nem nunca terá
O que não tem censura, nem nunca terá
O que não faz sentido

O que será que será
Que todos os avisos não vão evitar
Porque todos os risos vão desafiar
Porque todos os sinos irão repicar
Porque todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno, vai abençoar
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem juízo

Vídeo e Áudio Chico Buarque e Milton Nascimento





Áudio Simone: Abertura, À Flor da Pele, À Flor da Terra  (trechos do filme 'Dona Flor e Seus Maridos', de Bruno Barreto)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Medo de Amar Nº 3



Medo de Amar Nº 3
Péricles Cavalcanti

Você diz que eu te assusto
Você diz que eu te desvio
Também diz que eu sou um bruto
E me chama de vadio

Você diz que eu te desprezo
Que eu me comporto muito mal
Também diz que eu nunca rezo
Ainda me chama de animal

Você não tem medo de mim
Você não tem medo de mim
Você tem medo, é do amor
Que você guarda para mim
Você não tem medo de mim
Você não tem medo de mim
Você tem medo é de você
Você tem medo é de querer

Você diz que eu sou demente
Que eu não tenho salvação
Você diz que eu, simplesmente,
Sou carente de razão

Você diz que eu te envergonho
Também diz que eu sou cruel
Que no teatro do teu sonho
Para mim não tem papel

Você não tem medo de mim...

Você não tem medo de mim
Você não tem medo de mim
Você tem medo é de você
Você tem medo é de querer

Me amar

Vídeo Adriana Calcanhotto aqui.
Áudio Adriana Calcanhotto


Medo de Amar Nº 2



Medo de Amar Nº 2
Sueli Costa e Tite de Lemos

Você me deixa um pouco tonta
Assim meio maluca
Quando me conta essas tolices e segredos
E me beija na testa, e me morde na boca
E me lambe na nuca
Você me deixa surda e cega
Você me desgoverna
Quando me pega assim
Nos flancos e nas pernas
Como fosse o meu dono
Ou então meu amigo
Ou senão meu escravo

E eu sinto o corpo mole
E eu quase que faleço
Quando você me bole e bole
E mexe e mexe
E me bate na cara
E me dobra os joelhos
E me vira a cabeça

Mas eu não sei se quero ou se não quero
Esse insensato amor
Que eu desconheço
E que nem sei se é falso ou se é sincero
Que me despe e me vira pelo avesso

Não eu não sei se gosto ou se não gosto
De sentir o que eu sinto
E que me atormenta
E eu confesso que tremo desse sentimento
Que de repente chega
E que me ataca
E assim me faz perder-me
E nem saber se esses carinhos
São suaves ou velozes
Se o que escuto é o silêncio
Ou se ouço vozes

Vídeo Simone

Medo de Amar



Medo de Amar
Vinicius de Moraes

Vire essa folha do livro e se esqueça de mim
Finja que o amor acabou e se esqueça de mim
Você não compreendeu que o ciúme é um mal de raiz
E que ter medo de amar não faz ninguém feliz

Agora vá sua vida como você quer
Porém, não se surpreenda se uma outra mulher
Nascer de mim, como do deserto uma flor
E compreender que o ciúme é o perfume do amor

Áudio Nana Caymmi

Deu Pra Ti



Deu Pra Ti
Kledir Ramil e Kleiton Ramil

Deu pra ti
Baixo astral
Vou pra Porto Alegre
Tchau!

Quando eu ando assim meio down
Vou pra Porto e bah! Tri legal
Coisas de magia, sei lá
Paralelo 30

Alô tchurma do Bonfim
As gurias tão tri afim
Garopaba ou Bar João
Bela dona e chimarrão

Que saudade da Redenção
Do Fogaça e do Falcão
Cobertor de orelha pro frio
E a galera do Beira-Rio

Áudio Kleiton e Kledir

Horizontes (Bailei na Curva)


Clássico do som do barzim e das rodas de amigos!


Horizontes (Bailei na Curva)
Flávio Bicca Rocha

Há muito tempo que ando
Nas ruas de um porto não muito alegre
E que no entanto, me traz encantos
E um pôr-de-sol me traduz em versos

De seguir livre, muitos caminhos
Arando terras, provando vinhos
De ter idéias de liberdade
De ver amor em todas idades

Nasci chorando, Moinhos de Vento
Subir no bonde, descer correndo
A boa funda de goiabeira
Jogar bolita, pular fogueira

Sessenta e quatro, sessenta e seis
Sessenta e oito, um mau tempo talvez
Anos setenta, não deu pra ti
E nos oitenta eu não vou me perder por aí

Não vou me perder por aí
Não vou me perder por aí
Não vou me perder por aí

Áudio Fernando Büergel

O Mapa



O Mapa
Raul Ellwanger / poema de Mario Quintana

Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...
(É nem que fosse meu corpo!)

Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...

Há tanta esquina esquisita
Tanta nuança de paredes
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
Serei um pouco do nada
No vento da madrugada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar
Suave mistério amoroso
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez do meu repouso...

Áudio Raul Ellwanger

Pequeno Exilado



Pequeno Exilado
Raul Ellwanger e Luis Coronel

Navegas, navegas, navegas
Lá do outro lado do oceano
Na palma da mão já carregas
Vinte mil léguas de sonhos

Seguindo o teu pai que te leva
À bordo dos teus nove anos
Pequeno exilado sem pátria
Navegas teu barco de engano

Navegas teus olhos molhados
Na capital dos franceses
Carregas teus olhos chorados
Contando dias e meses

Menino crescido sem terra
Teu único plano primeiro
É ver terminar tanta espera
É ser cidadão brasileiro

Guerreiro do Bairro da Glória
Duende do Bairro Floresta
Vem cá conhecer nossa história
Malandros, calçadas e festas

Só quero te ver na cidade
Cantando em bom português
Canções de gritar liberdade
Daquela que usa o francês

-Vou me embora
-Vou me embora

Navegas, navegas, navegas
Lá do outro lado do oceano
Na palma da mão já carregas
Vinte mil léguas de enganos

Guerreiro do Bairro da Glória
Duende do Bairro Floresta
Vem cá conhecer nossa história
Malandros, calçadas e festas

Aúdio Raul Ellwanger & Elis Regina

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Recado



Recado
Gonzaguinha

Se me der um beijo eu gosto
Se me der um tapa eu brigo
Se me der um grito não calo
Se mandar calar mais eu falo
Mas se me der a mão
Claro, aperto
Se for franco
Direto e aberto
Tô contigo, amigo, e não abro
Vamos ver o diabo de perto
Mas preste bem atenção, seu moço
Não engulo a fruta e o caroço
Minha vida é tutano, é osso
Liberdade virou prisão
Se é amor deu e recebeu
Se é suor só o meu e o teu
Verbo eu pra mim já morreu
Quem mandava em mim nem nasceu
É viver e aprender
Vá viver e entender, malandro
Vai compreender
Vá tratar de viver

E se tentar me tolher é igual
Ao fulano de tal que taí
Se é pra ir vamos juntos
Se não é já não tô nem aqui

Áudio Gonzaguinha

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Samba na Ilha

Viagem pelos redutos de samba de Floripa e seus redutos vizinhos.


Samba na Ilha
Milene e Marcelo 7 Cordas

Se no Moca tem samba na Caixa ou então no Bela
Ou em qualquer favela, covanca ou no Dona Adélia
A Ilha encanta através dos seus Bambas
Que fazem seus sambas que daqueles morros ouvimos dizer

Nova Trento, 25, Tico-Tico, Morro do Céu
Prainha e a Coloninha têm o seu papel
Nestor Passos, Morro da Queimada, ou Morro da Caixa
Bar do Ladrão, e na sexta-feira uma seresta no Bar do Tião

O Mercado, Clube do Partido, Morro do Geraldo, também Casarão
Sábado tem Cal, onde rola um samba em conjuminação

Monte Cristo, Caixa do Estreito, Morro do Flamengo, Vila São João
Os morros da Ilha mandam um recado com esse refrão

Vídeo Jandira (Grupo Um Bom Partido) e Projeto Nosso Samba Floripa

Chamamento


Homenagem ao samba de Florianópolis!

Chamamento
Alvinho Carioca, Alvaro Fausane e Erik de Almeida

Sou manezinho da gema
Mineiro do litoral
Igual a sapo, canto à beira da lagoa
Onde só dá gente boa
O nosso samba é assim
Muita cachaça pra fazer nosso pudim

E a moçada
Sempre chega animada
Pede a cerveja gelada
E não para de cantar
O nosso samba
Que é bonito e diferente
Que sempre olha pra frente
Nunca mais vai se acabar (porque eu sou!!)

E tem viola
E cavaco afinado
O pandeiro sempre ao lado
Tamborim, surdo e ganzá
E a galera
Bate palma na levada
Canta junto empolgada e se levanta pra sambar (porque eu sou!!)

Vídeo Projeto Nosso Samba Floripa

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O Samba Bate Outra Vez


O Samba Bate Outra Vez
Maurício Tapajós / Paulo César Pinheiro

Odete, Aracy, Dona Ivone
Sylvia Telles, Claudette, Simone
Clara, Beth, Elizeth, Alcione
Dolores Duran, Clementina
Carmen Costa, Miúcha e Cristina
Gal, Bethânia e Elis Regina
Nora Ney, Nana, Linda e Dircinha
Dóris, Elza, Marlene e Emilinha (O samba bate)

O samba bate outra vez
Bate outra vez
Não para
Bate no Estácio
Na mídia, no estúdio
No pódio, no estádio
Num gol do Mengão campeão
E nos programas de televisão
Jornal e rádio.
O samba bate outra vez
Bate outra vez
E invade
Bate no bar, na boite
Nos palcos de toda cidade
Que bom que já bate esse som,
Que é do Brasil, dentro do coração
Da mocidade.

O samba bate outra vez
O toque de reunir
O samba é que leva emoção
Ninguém pode impedir
O samba é que é a revolução
É preciso que se convençam
Por isso hoje o samba saiu
Saiu de novo pra quem não ouviu
E vem do compositor do Brasil
Com sua bênção.

Pixinga, Vinicius e Baden
Caymmi e Chico Buarque
Vanzolini e Mauro Duarte
Manacéa e Walter Alfaiate
Wilson Moreira e Nei Lopes
Bide, Brancura e Baiaco
Marçal, Ismael, Nilton Bastos
Casquinha, Candeia e Monarco (O samba bate)

O samba bate outra vez...

Mijinha, Anescar, Aniceto
Assis Valente, Ataulpho, Herivelto
Ary Barroso, Jobim, João Gilberto
Haroldo Lobo e Janet de Almeida
Wilson Batista e Geraldo Pereira
Mano Décio e Silas de Oliveira
Vadico, Sinhô, Noel Rosa
Luís Reis e Haroldo Barbosa

Donga e João da Bahiana
Monsueto e Luiz Soberano
Claudionor e Pedro Caetano
Cartola e Nelson Cavaquinho
Elton Medeiros, Zé Keti, Paulinho
Mirabeau, Zé-com-Fome, Valzinho
Lyra, Menescal e Bôscoli
Donato, Aldir, João Bosco

Miltinho, Aquiles, Rui, Magro
(A moçada do MPB-4)
Dick, Lúcio, Emílio Santiago
Vassourinha e Ciro Monteiro
Jamelão, Dilermando Pinheiro
Roberto Silva e Roberto Ribeiro
Mário Reis, Jorge Veiga, Moreira
Zimbo Trio, Jair, João Nogueira (O samba bate)

O samba bate outra vez...

Ouça aqui
(Vozes: Alza Helena Alves, Amélia Rabello, Beth Carvalho, Carlinhos Vergueiro, Chico Buarque, Cristina Buarque, Elton Medeiros, Ivone Lara, João Nogueira, Luciana Lopez, Luciana Rabello, Marcos Sacramento,  Maurício Carrilho, Maurício Tapajós, Miúcha, MPB-4, Paulo César Pinheiro, Paulo Malagutti, Paulo Roberto, Piii, Simone Cruz, Walter Alfaiate, Zé Ketti).

Pesadelo


Pesadelo
Maurício Tapajós / Paulo César Pinheiro

Quando o muro separa uma ponte une
Se a vingança encara o remorso pune
Você vem me agarra, alguém vem me solta
Você vai na marra, ela um dia volta

E se a força é tua ela um dia é nossa
Olha o muro, olha a ponte, olhe o dia de ontem chegando
Que medo você tem de nós, olha aí

Você corta um verso, eu escrevo outro
Você me prende vivo, eu escapo morto

De repente olha eu de novo

Perturbando a paz, exigindo troco
Vamos por aí eu e meu cachorro
Olha um verso, olha o outro
Olha o velho, olha o moço chegando
Que medo você tem de nós, olha aí

O muro caiu, olha a ponte
Da liberdade guardiã
O braço do Cristo, horizonte
Abraça o dia de amanhã

Olha aí...
Olha aí...
Olha aí...

Vídeo MPB-4

Tô Voltando


Tô Voltando
Maurício Tapajós / Paulo César Pinheiro

Pode ir armando o coreto
E preparando aquele feijão preto
Eu tô voltando
Põe meia dúzia de Brahma pra gelar
Muda a roupa de cama
Eu tô voltando

Leva o chinelo pra sala de jantar
Que é lá mesmo que a mala eu vou largar
Quero te abraçar, pode se perfumar
Porque eu tô voltando

Dá uma geral, faz um bom defumador
Enche a casa de flor
Que eu tô voltando
Pega uma praia, aproveita, tá calor
Vai pegando uma cor
Que eu tô voltando

Faz um cabelo bonito pra eu notar
Que eu só quero mesmo é despentear
Quero te agarrar
Pode se preparar porque eu tô voltando
Põe pra tocar na vitrola aquele som
Estreia uma camisola
Eu tô voltando

Dá folga pra empregada
Manda a criançada pra casa da avó
Que eu tô voltando
Diz que eu só volto amanhã se alguém chamar
Telefone não deixa nem tocar
Quero lá, lá, lá, ia, porque eu tô voltando!


Áudio e vídeo com Simone



terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Querelas do Brasil



Querelas do Brasil
Maurício Tapajós / Aldir Blanc

O Brazil não conhece o Brasil
O Brasil nunca foi ao Brazil
Tapir Jabuti
Iliana alamanda alialaúde
Piau ururau akiataúde
Piá-carioca porecramecã
Jobimakarore é jobim-açu
Uô-uô-uô
Pererê camará tororó olerê
Piriri ratatá karatê olará
O Brazil não merece o Brasil
O Brazil tá matando o Brasil
Jerebasaci
Caandrades cunhãs ariranharanha
Sertões Guimarães Bachianas águas
Imarionaíma ariraribóia
Na aura das mãos de jobim-açu
Uô-uô-uô
Jereeré sarará cururu olerê
Blá-blá-blá bafafá sururu olará
Do Brasil, S.O.S. ao Brasil
“Tinhorão” urutu sucuri
Ujobim sabiá bem-te-vi
Cabuçu Cordovil Cachambi olerê
Madureira Olaria Ibangu olará
Cascadura Água Santa Acari olerê
Ipanema Inoveiguaçu olará
Do Brasil, S.O.S. ao Brasil

Vídeos com Elis Regina: 1978 (segue entrevista) e 1980



segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Pedra do Moinho



Pedra do Moinho
Alisson Mota (Grupo Engenho)

Eu sou da terra e sou da beira do rio
Onde perfume era o cheiro da floração
Da lua cheia e do ponteio da viola
Felicidade era rotina no sertão
Até que um dia alguém quebrou meu lampião
Iluminou-me com o brilho do gás neon
E eu troquei pelo brilho dos olhos dela
Simplicidade era rotina no sertão

A pedra do moinho quebrou
A pedra do moinho quebrou
A pedra do moinho quebrou
O amor da morena se acabou

Minha palavra é de caboclo inocente
Feita de sonho desnutrida e cor de anil
Da cor da pele da morena moreneia
Da minha pele e da casca do pau-brasil
Um dia eu quis também pintar a minha boca
Com o batom da palavra de razão
Na hora certa eu não pude usar
No fim do dia eu só manchei meu violão

A pedra do moinho...

Eu sou os olhos espreitando pelas frestas
Que faz tremer aqueles que me veem assim
Sou o soldado batalhando em guerra fria
Sem uniforme sem estrela e sem fuzil
Eu sou os pés que caminham em contato
Com este chão que eu cultivei mil corações
Estou na viva-podre-natureza-morta
Estou nas ruas, nos jornais e nas prisões

A pedra do moinho...

Áudio Grupo Engenho

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Minha Música


Minha Música
Adriana Calcanhotto

Minha música não quer ser útil
não quer ser moda
não quer estar certa

Minha música não quer ser bela
não quer ser má
minha música não quer nascer pronta

Minha música não quer redimir mágoas
nem dividir águas
não quer traduzir
não quer protestar

Minha música não quer me pertencer
não quer ser sucesso
não quer ser reflexo
não quer revelar nada

Minha música não quer ser sujeito
não quer ser história
não quer ser resposta
não quer perguntar

Minha música quer estar além do gosto
não quer ter rosto, não quer ser cultura
minha música quer ser de categoria nenhuma
minha música quer só ser música:

Minha música não quer pouco.

Áudio Adriana Calcanhotto aqui.

A Fábrica do Poema


A Fábrica do Poema
Adriana Calcanhotto e Waly Salomão

Sonho o poema de arquitetura ideal
Cuja própria nata de cimento
Encaixa palavra por palavra, tornei-me perito em extrair
Faíscas das britas e leite das pedras.
Acordo!
E o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo.
Acordo!
O prédio, pedra e cal, esvoaça
Como um leve papel solto à mercê do vento e evola-se,
Cinza de um corpo esvaído de qualquer sentido
Acordo, e o poema-miragem se desfaz
Desconstruído como se nunca houvera sido.
Acordo! os olhos chumbados pelo mingau das almas
E os ouvidos moucos,
Assim é que saio dos sucessivos sonos:
Vão-se os anéis de fumo de ópio
E ficam-me os dedos estarrecidos.
Metonímias, aliterações, metáforas, oxímoros
Sumidos no sorvedouro.
Não deve adiantar grande coisa permanecer à espreita
No topo fantasma da torre de vigia
Nem a simulação de se afundar no sono.
Nem dormir deveras.
Pois a questão-chave é:
Sob que máscara retornará o recalcado?
Sob que máscara retornará?
Sob que máscara?

Áudio Adriana Calcanhotto

Canção da América (Unencounter)


 Canção da América (Unencounter)
Milton Nascimento e Fernando Brant

Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir

Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou

Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam "não"
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração

Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar

Vídeo Milton Nascimento

A Felicidade



A Felicidade
Tom Jobim e Vinicius de Moraes

Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor

A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
e tudo se acabar na quarta-feira

Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar

A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
É como esta noite
Passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor
Pra que ela acorde alegre como o dia
Oferecendo beijos de amor

Tristeza não tem fim
Felicidade sim

Vídeo Tom Jobim e Nova Banda com Danilo Caymmi

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Plataforma



Plataforma
João Bosco / Aldir Blanc

Não põe corda no meu bloco,
nem vem com teu carro-chefe,
não dá ordem ao pessoal.
Não traz lema nem divisa
que a gente não precisa
que organizem nosso Carnaval.
Não sou candidato a nada,
meu negócio é madrugada
mas meu coração não se conforma.
O meu peito é do contra
e por isso mete bronca
nesse samba-plataforma:
por um bloco
que derrube esse coreto,
por passistas à vontade
que não dancem o minueto,
por um bloco
sem bandeira ou fingimento
que balance e abagunce
o desfile e o julgamento,
por um bloco
que aumente o movimento,
que sacuda e arrebente
o cordão de isolamento.
Não põe no meu...

Vídeo Elis Regina e João Bosco

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Clube da Esquina - Clube da Esquina No.2


Clube da Esquina
Milton Nascimento, Lô Borges e Márcio Borges

Noite chegou outra vez
De novo na esquina os homens estão
Todos se acham mortais
Dividem a noite, lua e até solidão
Neste clube a gente sozinha se vê
Pela última vez
À espera do dia naquela calçada
Fugindo pra outro lugar

Perto da noite estou
O rumo encontro nas pedras
Encontro de vez
Um grande país eu espero
Espero do fundo da noite chegar
Mas agora eu quero tomar suas mãos
Vou buscá-la aonde for
Venha até a esquina
Você não conhece o futuro que tenho nas mãos

Agora as portas vão todas se fechar
No claro do dia o novo encontrarei
E no curral D'El Rey
Janelas se abram ao negro do mundo lunar
Mas eu não me acho perdido
No fundo da noite partiu minha voz
Já é hora do corpo vencer a manhã
Outro dia já vem
E a vida se cansa na esquina
Fugindo, fugindo, pra outro lugar


Áudio Milton Nascimento



 
Clube da Esquina No.2
Milton Nascimento, Lô Borges e Márcio Borges

Porque se chamava moço
Também se chamava estrada
Viagem de ventania
Nem se lembra se olhou pra trás
Ao primeiro passo, aço, aço, aço...

Porque se chamavam homens
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem
Em meio a tantos gases lacrimogênios
Ficam calmos, calmos, calmos...

E lá se vai mais um dia...

E basta contar compasso
E basta contar consigo
Que a chama não tem pavio
De tudo se faz canção
E o coração na curva de um rio, rio, rio...

E lá se vai mais um dia...

E o rio de asfalto e gente
Entorna pelas ladeiras
Entope o meio fio
Esquina mais de um milhão
Quero ver então a gente, gente, gente...

E lá se vai, vai, vai, vai....

Vídeo Milton Nascimento

O Que Foi Feito Devera - O Que Foi Feito De Vera



O Que Foi Feito Devera
Milton Nascimento e Fernando Brant

O que foi feito, amigo
De tudo que a gente sonhou
O que foi feito da vida
O que foi feito do amor
Quisera encontrar
Aquele verso menino
Que escrevi há tantos anos atrás

Falo assim sem saudade
Falo assim por saber
Se muito vale o já feito
Mais vale o que será
E o que foi feito
É preciso conhecer
Para melhor prosseguir

Falo assim sem tristeza
Falo por acreditar
Que é cobrando o que fomos
Que nós iremos crescer
Outros outubros virão
Outras manhãs plenas de sol e de luz


O Que Foi Feito De Vera
Milton Nascimento e Márcio Borges

Alertem todos alarmas
Que o homem que eu era voltou
A tribo toda reunida
Ração dividida ao sol
De nossa Vera Cruz,
Quando o descanso era luta pelo pão
E aventura sem par

Quando o cansaço era rio
E rio qualquer dava pé
E a cabeça rolava num gira-girar de amor
E até mesmo a fé
Não era cega nem nada
Era só nuvem no céu e raiz

Hoje essa vida só cabe
Na palma da minha paixão
De Vera nunca se acabe
Abelha fazendo o seu mel
No canto que criei
Nem vá dormir como pedra
E esquecer o que foi feito de nós

Áudio Elis Regina e Milton Nascimento

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Felicidade - Luar do Sertão


Na  interpretação do baiano Caetano Veloso da canção do gaúcho Lupicínio Rodrigues, é interessante que um violão toca a melodia de Felicidade ao mesmo tempo que um segundo violão traz a melodia de Luar do Sertão, do pernambucano João Pernambuco e do maranhense Catulo da Paixão Cearense: o encontro do sul e do norte na maestria do Caetano!


Felicidade
Lupicínio Rodrigues

Felicidade foi se embora
E a saudade no meu peito ainda mora
E é por isso que eu gosto lá de fora
Porque sei que a falsidade não vigora

A minha casa fica lá detrás do mundo
Onde eu vou em um segundo quando começo a cantar
O pensamento parece uma coisa à-toa
Mas como é que a gente voa quando começa a pensar


Luar do Sertão
João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense

Ah que saudade
Do luar da minha terra
Lá na serra branquejando
Folhas secas pelo chão

Este luar cá da cidade tão escuro
Não tem aquela saudade
Do luar lá do sertão

Não há oh gente oh não
Luar como este do sertão

A gente fria
Desta terra sem poesia
Não se importa com esta lua
Nem faz caso do luar

Enquanto a onça
Lá na verde da capoeira
Leva uma hora inteira
Vendo a lua derivar

Não há oh gente oh não...

Ai quem me dera
Que eu morresse lá na serra
Abraçado à minha terra
E dormindo de uma vez

Ser enterrado numa grota pequenina
Onde à tarde a surubina
Chora a sua viuvez

Não há oh gente oh não...

Áudio Caetano Veloso e Vicente Celestino




sábado, 5 de fevereiro de 2011

Sampa



Sampa
Caetano Veloso

Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e Av. São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas
Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e avenida São João

Quando eu te encarei frente a frente e não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes
E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vem de outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mas possível novo quilombo de Zumbi
E os Novos Baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa

Áudio Caetano Veloso

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Dezesseis Toneladas - Sixteen Tons


Uns amigos meus comentaram que gostam muito do grupo paulistano Funk Como Le Gusta, que eu precisava ouvir, e então corri atrás nos youtubes da vida. O primeiro resultado na busca foi este: um samba funk com o título 16 Toneladas, que já conhecia mas não sabia que era do grupo, e realmente é muuuito bom, como pode ser conferido na transcrição da letra e no áudio postados abaixo.


Dezesseis Toneladas
Merle Travis / versão: Roberto Neves

Sente este samba quente
Que é muito legal
É super pra frente
É bem genial

Embalo como este
Só quem vai curtir
Quem não se machucar
Quando deixar cair

Por isso vem, vem
Embale na nossa
Este balanço
Tira qualquer um da fossa
Ele é um barato e é da pesada
Esse é o famoso 16 toneladas

Eu bolei o ano inteiro
Este samba pra frente
É gostoso paca
É um samba decente

Segure esta conversa
Segure a jogada
Quem não gosta de samba
Não gosta de nada

E é curtição
No samba empolgado
É o meu timão
Num estádio lotado
Turma da pesada
Que segura a parada
Esse é o famoso 16 toneladas

Sente este samba quente
Que é muito legal
É super pra frente
É bem genial

Embalo como este
Só quem vai curtir
Quem não se machucar
Quando deixar cair

Por isso, vem, vem
Embale na nossa
Este balanço
Tira qualquer um da fossa
Ele é um barato e é da pesada
Esse é o famoso 16 toneladas

Eu já dei o meu recado
Agora vou me mandar
Vou refrescar a cuca
Pra poder incrementar
A mente está cansada
E só da confusão
Onda de pirado
Deixa a gente na mão

Por isso vem, vem
Quem vai me encontrar
Agora estou na minha
Pois estou devagar
Já disse o que queria a toda rapaziada
Ai, oh ... é o 16 toneladas

Áudio Funk Como Le Gusta




 

Acontece que pesquisando mais um pouco sobre a música descobri dois fatos interessantes. Primeiro, ela é regravação de um hit de 1971 de um cantor que também não conhecia: Noriel Vilela, já falecido, integrante do grupo Cantores de Ébano nos anos 60. A gravação é ótima, realmente precursora, e o pessoal do Funk Como Le Gusta com certeza se inspirou nela, imitando até mesmo a voz grave (baixo profundo) de Noriel (ouça a gravação abaixo).

Áudio Noriel Vilela





Já o segundo fato que me interessou foi saber que a música é uma versão de Sixteen Tons, um clássico da música country americana da década de 40, escrita e interpretada por Merle Travis (mas há controvérsias sobre a autoria). 16 Tons é uma canção de protesto contra as condições de trabalho impostas aos mineiros de carvão e o autor se inspirou na experiência de seu pai. Na letra aparece o sentido das 16 toneladas (nonsense na versão em português): "I loaded sixteen tons of number nine coal"... "Eu carreguei 16 toneladas... de carvão!" Confira mais a respeito do contexto da letra original aqui e aqui.  A letra em inglês está transcrita abaixo e há também um vídeo com Merle Travis.

Sixteen Tons
Merle Travis

Some people say a man is made outta mud.
But, a poor man's made outta muscle and blood.
Muscle and blood and skin and bones.
With a mind that's weak and a back that's strong.

You load sixteen tons what do you get?
You get another day older and deeper in debt.
Saint Peter don't you call me 'cause I can't go.
I owe my soul to the company store.

Well, I was born one mornin' when the sun didn't shine.
I picked up my shovel and I walked to the mine.
I loaded sixteen tons of number nine coal.
And the straw boss said "Well, bless my soul,

"He loaded sixteen tons and what do you get?
Another day older and deeper in debt.
Saint Peter don't you call me 'cause I can't go.
I owe my soul to the company store."

Well, I was born one mornin', it was drizzlin' rain.
Fightin' and trouble are my middle name.
Rain aised in the canebrake by an ol' mama lion.
Ain't no-a high-toned woman make me walk the line.

You load sixteen tons and what do you get?
You get another day older and deeper in debt.
Saint Peter don't you call me 'cause I can't go.
I owe my soul to the company store.

Well, If you see me comin', you better step aside.
A lotta men didn't, and a lotta men died.
One fist of iron and the other one of steel,
If the right one don't get you, then the left one will.

You load sixteen tons and what do you get?
You get another day older and deeper in debt.
Saint Peter don't you call me 'cause I can't go.
I owe my soul to the company store.

Vídeo Merle Travis





 
Outra gravação de Sixteen Tons que fez muito sucesso nos anos 50 é a de Tennessee Ernie Ford, cujo vídeo também foi postado abaixo. Nela já há uma aproximação, musicalmente falando, com a versão de Noriel e do Funk Como Le Gusta, principalmente o arranjo - creditado a Jack Fascinato, diretor musical de Ford - com instrumento de sopro, no caso, o clarinete.

É preciso dar crédito (vários sites não o fazem) ao autor da versão em português cantada por Noriel, um tal de Roberto Neves, a respeito do qual não encontrei nada por enquanto.

Enfim, essa viagem musical toda me fez lembrar os conceitos de Paul Zumthor: movência e nomadismo, de como o signo canção é suscetível a alterações e como seu sentido e formato mudam nas curvas do espaço-tempo!...

Vídeo Tennessee Ernie Ford

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Clara



Clara
Ive Luna (Cravo-da-Terra)

Eu vou, nem que for pra ficar na beira.
Me veste que eu quero ir pro mar.

Eu quero também ver a brincadeira,
que louva a minha mãe Iemanjá.

E quando for dia claro, espero
ver toda gente e o sol amarelo.
Na espuma clara da beira-mar,
Minh'alma cansada vai descansar.

Menino de branco, tem.
Menina enfeitada, tem.
Colares e guias.

Mistério do dia vem
lembrar que ainda sou alguém.
Me veste que eu vou.

Ouça aqui.

Dois de Fevereiro

 ilustração de Elifas Andreato

Dois de Fevereiro
Dorival Caymmi

Dia dois de fevereiro
Dia de festa no mar
Eu quero ser o primeiro
Pra salvar Yemanjá

Eu mandei um bilhete pra ela
Pedindo para ela me ajudar
Ela então me respondeu
Que eu tivesse paciência de esperar
O presente que eu mandei pra ela
De cravos e rosas vingou

Chegou, chegou, chegou
Afinal que o dia dela chegou...

Áudio Dorival Caymmi


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O Mistério do Samba


Interessante composição do grupo pernambucano Mundo Livre S/A.


O Mistério do Samba
Fred Zero Quatro / Marcelo Pianinho

O samba não é carioca
O samba não é baiano
O samba não é do terreiro
O samba não é africano
O samba não é da colina
O samba não é do salão
O samba não é da avenida
O samba não é carnaval
O samba não é da tv
O samba não é do quintal
Como reza toda tradição
É tudo uma grande invenção

O samba não é emergente
O samba não é da escola
O samba não é fantasia
O samba não é racional
O samba não é da cerveja
O samba não é da mulata
O samba não é do playboy
O samba não é liberal, porque
O samba não é chorinho
O samba não é regional
Como reza toda tradição
É tudo uma grande invenção

Não tem mistério
Não é do bicheiro
Não é do malandro
Não é canarinho
Não e verde e rosa
Não é aquarela
Não é bossa nova
Não é silicone
Não é malhação

O samba não é do gugu
O samba não é do faustão
Não é do gugu
Nem é do faustão
Sem mistério

Vídeo Mundo Livre S/A