terça-feira, 15 de junho de 2010

Let's Call the Whole Thing Off

Taí uma das minhas favoritas:




Let's Call The Whole Thing Off


(George Gershwin / Ira Gershwin)
Ella Fitzgerald and Louis Armstrong
(do álbum Ella and Louis Again, 1957 more info)

Things have come to a pretty pass
Our romance is growing flat,
For you like this and the other
While I go for this and that,
Goodness knows what the end will be
Oh I don't know where I'm at
It looks as if we two will never be one
Something must be done

You say
either and I say either
You say neither and I say neither
Either, either; neither, neither
Let's call the whole thing off
You like potato and I like potato
You like tomato and I like tomato
Potato, potato; tomato, tomato
Let's call the whole thing off

But oh, if we call the whole thing off
Then we must part
And oh, if we ever part
Then that might break my heart

So if you like
pajamas and I like pyjamas
I'll wear pajamas and give up pyjamas
For we know we need each other so we
Better call the calling off off
Let's call the whole thing off

You say
laughter and I say laughter
You say after and I say after
Laughter, laughter; after, after
Let's call the whole thing off,

You like
vanilla and I like vanilla
You sarsaparilla, and I sarsaparilla
Vanilla, vanilla, or chocolate, strawberry
Let's call the whole thing off

But oh if we call the whole thing off
Then we must part
And oh, if we ever part
Then that might break my heart

So if you go for
oysters and I go for oysters
I'll order oysters and cancel the oysters
For we know we need each other so we
Better call the calling off off,
Let's call the whole thing off


domingo, 13 de junho de 2010

Ofício


 Ainda sobre o efeito da "febre" chamada Paulo César Pinheiro, transcrevo a seguir a letra do seu poema "Ofício", declamado por ele no álbum Parceria - com João Nogueira (Velas, 1994):
 

Ofício
(Paulo César Pinheiro)

A música me ama 
Ela me deixa fazê-la 
A música é uma estrela 
Deitada na minha cama 

Ela me chega sem jeito 
Quase sem eu perceber 
Quando dou conta e vou ver 
Ela já entrou no meu peito 

No que ela entra a alma sai 
Fica o meu corpo sem vida 
Volta depois comovida 
E eu nunca soube onde vai 

Meu olho dana a brilhar 
Meu dedo corre o papel 
E a voz repete o cordel 
Que se derrama do olhar 

Fico algum tempo perdido 
Até me recuperar 
Quase sem acreditar 
Se tudo teve sentido 

A música parte e eu desperto 
Pro mundo cruel que aí está 
Com medo de ela não mais voltar 
Mas ela está sempre por perto 

Nada que existe é mais forte 
E eu quero aprender-lhe a medida 
De como compõe minha vida 
Que é para eu compor minha morte

terça-feira, 8 de junho de 2010

Parceria



No ótimo livro A letra brasileira de Paulo César Pinheiro: uma jornada musical, de Conceição Campos (Casa da Palavra, 2009, p. 149), há o excelente poema intitulado Parceria, de Paulo César Pinheiro, que transcrevo abaixo:




PARCERIA
Poema inédito de Paulo César Pinheiro

Parceria é um casamento, mas que dura...
Porque na parceria não há jura,
Não há promessa de fidelidade.
Se, em plena criação, alguém lhe atrai
Você diz ao parceiro, e você vai
E volta a ele quando dá saudade.

Porque ele também não se magoa
Pois sempre sai alguma coisa boa
Quando na música se prevarica;
Um samba, uma modinha, uma toada...
Depende muito de cada transada,
Mas se é bem dada é uma canção que fica.

Parceria é um casamento que não cansa
Porque não tem contrato e nem cobrança.
Ciúme tem... mas isso é passageiro.
Quem é traído muita vez reage
Propondo aos dois fazer uma ménage
No instrumento do próprio parceiro.

Mas, brincadeira à parte,
É uma amizade que se faz um dia
E que não se rompe por qualquer besteira.
É o desejo ardente da Poesia
Que vai pra cama com a Melodia
Deixando frutos pela vida inteira.

Mordaça



Nossa! Esta composição é sublime! Grande Paulinho!


MORDAÇA
(Eduardo Gudin / Paulo César Pinheiro)

Tudo o que mais nos uniu separou
Tudo que tudo exigiu renegou
Da mesma forma que quis recusou
O que torna essa luta impossível e passiva

O mesmo alento que nos conduziu debandou
Tudo que tudo assumiu desandou
Tudo que se construiu desabou
O que faz invencível a ação negativa

É provável que o tempo faça a ilusão recuar
Pois tudo é instável e irregular
E de repente o furor volta
O interior todo se revolta
E faz nossa força se agigantar

Mas só se a vida fluir sem se opor
Mas só se o tempo seguir sem se impor
Mas só se for seja lá como for
O importante é que a nossa emoção sobreviva

E a felicidade amordace essa dor secular
Pois tudo no fundo é tão singular
É resistir ao inexorável
O coração fica insuperável
E pode em vida imortalizar

Paulo César Pinheiro comenta sobre o verso 'O importante é que a nossa emoção sobreviva' no Programa Roda Viva, em 2004 e revela como era o 'termômetro' musical de Tom Jobim:

"Essa frase eu não sabia até que ponto esta frase teria sido lapidar como hoje sei, é isso aí, o meu lema, o meu timão é a emoção. Eu me lembro muito de no meu convívio com o Tom, por exemplo, que foi o maior compositor de todos os tempos do Brasil, às vezes ele me mostrando uma música em casa, o pêlo dele arrepiava, ele dizia assim: "Olha isso aqui, isso daqui é o termômetro" [mostra os pêlos do braço]. Ele dizia isso. O termômetro é esse, e eu não consigo mais levantar cabelo nenhum do corpo com o que estou ouvindo aí.[risos]"


A transcrição da entrevista do programa na íntegra pode ser acessada aqui.



Eduardo Gudin interpreta Mordaça ao violão:

sábado, 5 de junho de 2010

Verão em Calcutá



Verão em Calcutá
(Nei Lisboa)

A vaca foi pro brejo e atolou
Na esteira desse new old rock 'n roll
E a velha limusine da canção
Virou lambreta de segunda mão
Chorando sobre uísque derramado
Rescaldos de uma mágoa a la Vandré
Que tanto mais feroz, tanto mais passa
Ao som dos novos reis do iê-iê-iê
O tempo não tem dó de quem disfarça
A farsa das ribaltas
Fiquei ali parado, assim, pensando
O que é que o poste tinha pra dizer
Da noite luminosa, dos amantes
Do jeito da saudade amanhecer
Na aura levitan dos viajantes
Nos olhos de um profeta sem lugar
Os pés cansados sobre a 101
Vendendo histórias pro jantar

Come on, baby, maybe, vamos passar
Um bom verão em Calcutá
Ao som do mar
Come on, baby, maybe
Tudo vai dar
Num bom verão em Calcutá
Vamos casar por lá

A vaca foi pro brejo e atolou
Na esteira desse new old rock 'n roll
E a velha limusine da canção
Virou lambreta de segunda mão
Rebeldes recatados do futuro
E estrelas de um passado avangardê
Bizarras novas caras de um Brasil pós-guerra
De métrica informática deandê

Come on, baby, maybe, vamos passar
Um bom verão em Calcutá
Ao som do mar
Come on, baby, maybe
Tudo vai dar
Num bom verão em Calcutá
Vamos casar por lá