domingo, 13 de junho de 2010

Ofício


 Ainda sobre o efeito da "febre" chamada Paulo César Pinheiro, transcrevo a seguir a letra do seu poema "Ofício", declamado por ele no álbum Parceria - com João Nogueira (Velas, 1994):
 

Ofício
(Paulo César Pinheiro)

A música me ama 
Ela me deixa fazê-la 
A música é uma estrela 
Deitada na minha cama 

Ela me chega sem jeito 
Quase sem eu perceber 
Quando dou conta e vou ver 
Ela já entrou no meu peito 

No que ela entra a alma sai 
Fica o meu corpo sem vida 
Volta depois comovida 
E eu nunca soube onde vai 

Meu olho dana a brilhar 
Meu dedo corre o papel 
E a voz repete o cordel 
Que se derrama do olhar 

Fico algum tempo perdido 
Até me recuperar 
Quase sem acreditar 
Se tudo teve sentido 

A música parte e eu desperto 
Pro mundo cruel que aí está 
Com medo de ela não mais voltar 
Mas ela está sempre por perto 

Nada que existe é mais forte 
E eu quero aprender-lhe a medida 
De como compõe minha vida 
Que é para eu compor minha morte

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