Ainda sobre o efeito da "febre" chamada Paulo César Pinheiro, transcrevo a seguir a letra do seu poema "Ofício", declamado por ele no álbum Parceria - com João Nogueira (Velas, 1994):
Ofício
(Paulo César Pinheiro)
A música me ama
Ela me deixa fazê-la
A música é uma estrela
Deitada na minha cama
Ela me chega sem jeito
Quase sem eu perceber
Quando dou conta e vou ver
Ela já entrou no meu peito
No que ela entra a alma sai
Fica o meu corpo sem vida
Volta depois comovida
E eu nunca soube onde vai
Meu olho dana a brilhar
Meu dedo corre o papel
E a voz repete o cordel
Que se derrama do olhar
Fico algum tempo perdido
Até me recuperar
Quase sem acreditar
Se tudo teve sentido
A música parte e eu desperto
Pro mundo cruel que aí está
Com medo de ela não mais voltar
Mas ela está sempre por perto
Nada que existe é mais forte
E eu quero aprender-lhe a medida
De como compõe minha vida
Que é para eu compor minha morte
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